بسم الله الرحمن الرحيم
و الصلاة و السلام على أشرف المرسلين
.و على اله و اصحابه أجمعين
Deus diz: “Tudo o que há sobre ela há de perecer. E subsiste o Rosto de teu Senhor, Possuidor de Majestade e Generosidade”
O imam Baqlī diz em seu Tafsīr:
“Se refletirmos sobre a realidade do cosmos e de seus habitantes, perceberemos a verdade de sua inexistência, ainda que, à primeira vista, pareçam existir. Isso se dá porque, na realidade, aquilo que necessita de outra coisa para se sustentar é, por definição, inexistente. A palavra ‘existência’ só se aplica ao ser que existe por si mesmo, e como poderia um ser contingente existir por si, quando sequer possui um ‘si’ para começar? A verdadeira existência é a existência eterna, razão pela qual Deus louva a Si mesmo dizendo: ‘E subsiste o Rosto de teu Senhor, Possuidor de Majestade e Generosidade'”.
A realidade da subsistência (baqāʾ) só se atribui àquilo que subsiste eternamente. A existência daquilo que vem do nada e ao nada retorna é inteiramente distinta d’Aquele que é sem princípio e sem fim. Quando testemunhas as coisas como elas verdadeiramente são, compreendes que Deus existe em Si mesmo, enquanto a criação existe apenas por meio d’Ele. Assim, percebes a verdade da aniquilação e da subsistência, bem como a verdade da existência e da inexistência.
Deus concedeu à Sua criação a capacidade de conhecer Sua eternidade sem princípio e sem fim por meio da contemplação da perecibilidade deste mundo inferior e de seus habitantes, para que pudessem alcançar a realização desse conhecimento; pois a subsistência não pode ser conhecida senão quando primeiro se conhece a aniquilação.
O imame Junayd foi questionado acerca do versículo “Tudo o que há sobre ela há de perecer” e respondeu: “Aquilo que está situado entre duas extremidades de aniquilação é, em si, aniquilado”.
Ibn ʿAṭāʾ Allāh al-Iskandarī (que Deus santifique seu segredo) disse:
“Por Sua graça divina, Deus manifestou Seu supremo saber e poder através de Seu Nome, na medida em que as mentes de Suas criaturas podiam suportar, para que assim se vinculassem a Ele. Por Sua graça divina, atribuiu uma disposição particular à Sua criação, permitindo-lhes conhecê-Lo, e fez com que dessem testemunho do que contemplavam, e eles atestaram isso contra si mesmos quando disseram: “Sim, de fato”. E agora, no instante de sua existência, Ele os chama a testemunhar mais uma vez, manifestando-lhes Seu Supremo Nome, Allāh, permitindo-lhes conhecê-Lo por meio deste, facilitando sua recordação pela língua, tornando-o sempre acessível a eles, e manifestando-o claramente em bismi’Llāh al-Raḥmān al-Raḥīm (“Em Nome de Deus, o Todo-Misericordioso, o Sempre-Misericordioso”). Sua manifestação é, portanto, tão intensa que Ele Se oculta, e nada pode descrevê-Lo. Sua lembrança é tão abundante que Ele é esquecido, de tal modo que já não é mais reconhecido. Ademais, é por meio d’Ele que os assuntos se endireitam, e é por meio de Sua lembrança que a dificuldade se transforma em facilidade. Por meio d’Ele, todas as necessidades se cumprem, e começa-se a participar de todas as causas secundárias com Ele. Ele é Aquele que nem os céus nem a terra puderam conter, nem Seu trono, nem Seu escabelo, mas somente Sua vontade e os corações daqueles dentre Seus servos para os quais Ele destinou o bem, segundo a medida que colocou nos corações de Seus fiéis servos escolhidos, ao atribuir-lhes a servidão e ao desvendar-lhes Seu segredo. Exaltados sejam Seus Nomes!”
Fonte: Os Fundamentos da Tariqa Karkariya, Sheikh Mohamed Faouzi Al Karkari.