بسم الله الرحمن الرحيم
و الصلاة و السلام على أشرف المرسلين
و على اله و اصحابه أجمعين
A palavra subha provém do verbo sabbaha (santificar), cujo sinônimo pode ser qaddassa (glorificar), e assim se diz, por exemplo: subhanAllah. Na tariqa Karkariya, a subha representa a letra ha do Nome Allah, o segredo que reúne todos os Seus Nomes, bem como a manifestação de seu sarayan (fluxo divino). No Corão, formas derivadas dessa palavra são mencionadas nada menos que 97 vezes. Citamos, a título de exemplo:
“Quando teu Senhor disse aos anjos: ‘Colocarei na terra um lugar-tenente (khalifa).’ Disseram eles: ‘Colocarás nela alguém que causará desordem e derramará sangue, enquanto nós Te louvamos e Te glorificamos (nusabbihu wa nuqaddisu lak)?’ Disse Ele: ‘Em verdade, Eu sei o que vós não sabeis.'”
[Sura al-Baqara, versículo 30].
“Lá, sua invocação será: ‘Glória a Ti, ó Allah (subhanaka Allahumma)’, e sua saudação: ‘Salam’ (Paz!), e o final de sua invocação: ‘Louvor a Allah, Senhor dos mundos.'”
[Sura Yunus, versículo 10].
O Imam as-Suyuti (rahimahuAllah), autor de Al-Minhatu fi s-Subha, uma epístola reunida em Al-Hawi lil-fatawi, compilou os relatos de ahl al-hadith que testemunham que os companheiros (radiAllah anhum) utilizavam caroços de tâmaras ou pequenas pedras para realizar o dhikr.
Citaremos aqui alguns trechos dessa obra. Quem desejar saber mais, poderá consultar diretamente o referido livro:
“Os imames at-Tirmidhi, al-Hakim e at-Tabarani relatam de Safiya (radiAllah anha), que disse: “O Profeta ﷺ entrou em minha casa enquanto havia diante de mim quatro mil caroços de tâmaras que eu usava para fazer dhikr. Ele me perguntou: ‘O que é isso, ó filha de Huyay?’ Eu respondi que os usava para o dhikr. Ele disse: ‘Desde que me levantei de nosso leito, certamente fiz mais dhikr do que tudo isso.’ Perguntei: ‘Ó Mensageiro de Allah, ensina-me como!’ Ele respondeu: ‘Diz: subhanAllahi adada ma khalaqa min shay‘ (subhanAllah pelo número de coisas que Ele criou).'”
Também no Mu’jam as-sahabam de al-Baghawi, e no Tarikh, de ibn Assakir, segundo Mu’tamar ibn Sulayman, que ouviu de Obay ibn Ka’b, que ouviu de seu avô Baqiya, que ouviu de Abi Safiya:
“Colocava-se diante dele um recipiente contendo pequenas pedras com as quais ele fazia dhikr até a metade do dia, levantava-se para realizar a oração e, após isso, retornava ao dhikr até a noite”.
Ibn Sa’d relata, segundo Hakim ibn ad-Daylami, que Sa’d ibn Abi Waqqas (radiAllah anhu) fazia dhikr utilizando pequenas pedras.
Ibn Abi Shayba, em al-Musannaf, também relata que Sa’d praticava dhikr com pequenas pedras ou caroços de tâmaras.
É sabido que grandes personalidades, tomadas como exemplo e referência nos assuntos religiosos, utilizavam a subha. Por exemplo, sayiduna Abu Hurayra (radiAllah anhu) tinha uma corda com mil nós e não dormia antes de ter feito doze mil tasbihs com ela.
Nos Sunan de Abu Dawud, há um hadith de Abu Basra al-Ghifari, que relata, segundo um sheikh de Tafawah: “Fui hóspede de Abu Hurayra em Medina, e não vi ninguém mais atento ao bom acolhimento do hóspede do que ele. Certa vez, eu estava em sua casa enquanto ele estava deitado em sua cama, segurando um recipiente cheio de pequenas pedras ou caroços de tâmaras, com uma serva negra ao lado. Ele fazia dhikr, e quando o recipiente ficava vazio, ele o entregava para que ela o enchesse novamente, continuando então seu tasbih.”
Diz-se também que Abu Hurayra (radiAllah anhu) utilizava no seu tasbih caroços de tâmaras mujazza, ou seja, caroços que, de tanto serem esfregados, ficavam esbranquiçados em alguns pontos, enquanto o restante permanecia preto.
Al-Hafidh Abd al-Ghani relata na biografia de Abu d-Darda (radiAllah anhu) que ele fazia diariamente cem mil tasbihs.
Relata também, segundo Salma ibn Sabib, que Khalid ibn Ma’dan fazia diariamente quarenta mil tasbihs, além de sua leitura do Corão. Quando faleceu e foi lavado, seu dedo continuava a se mover, como se ainda fizesse tasbih.
É lógico que cem mil tasbihs, ou quarenta mil, ou mesmo menos que isso, não podem ser contados apenas pelos dedos, o que comprova que ambos utilizavam algum instrumento para ajudá-los nisso. E Allah é mais sábio.
Abu Muslim al-Khawlani (rahimahuAllah) conta que certa noite se levantou segurando sua subha e viu esta enrolar-se em seu braço e começar a fazer tasbih. Abu Muslim se virou, enquanto a subha continuava a dizer: “Subhanaka ya munbita n-nabat wa ya da’ima th-thabat” (Glória a Ti, ó Aquele que faz brotar as plantas, ó Aquele de constância eterna). Ele então chamou: “Ó Umm Muslim, vem ver essa coisa extraordinária!” Ela correu até ele e viu a subha girar e fazer tasbih. Quando ela se sentou, a subha cessou. Esse fato é relatado por Abu al-Qasim HebatuAllah ibn al-Hassan at-Tabari em seu livro Karamat al-awliya.
Fonte: Os Fundamentos da Tariqa Karkariya, Sheikh Mohamed Faouzi Al Karkari.